
Ana...
"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer." Albert Einstein
(por Alexandre Pelegi) |
Educação pública sempre dispensou adjetivos. Não se dizia “educação pública de qualidade” nos anos 60, quando qualidade, antes de predicado, era imperiosa obrigação. Quem precisava de adjetivação era a escola particular, onde estudar custava caro, muito caro. Em alguns casos decorrência da excelência do ensino. Em muitos outros causa direta da salvação que se oferecia aos ineptos da escola pública.
Hoje a escola se transformou num instrumento de apartheid social. Nas últimas décadas do século passado o direito à educação e à saúde ficou diretamente proporcional à renda das famílias, num período em que a carga tributária no país só fez aumentar. Enquanto pagávamos, a cada ano, mais e mais impostos, recebíamos de volta cada vez menos e menos direitos, bens e serviços...
O que incomoda, ao lado da derrocada da educação no país, é o discurso falacioso de políticos e gestores públicos. Quer sejam prefeitos ou governadores, todos falam em melhora acentuada dos índices educacionais quando se trata de avaliar suas próprias gestões. Festejar números e estatísticas, para políticos em geral, é o mesmo que comemorar o resgate da excelência do ensino público.
Não há meias palavras nesse universo. O único indicador cabível para medir a qualidade do ensino está em garantir que a escola pública funcione como espaço democrático de conhecimento e de socialização. Escola verdadeiramente pública é aquela que é freqüentada por todos - filhos de autoridades e de empresários, de deputados e profissionais liberais, de cantores e intelectuais -, e não somente por pobres e remediados. A escola que separa crianças pelo critério da renda jamais funcionará como local de expansão do conhecimento e de disseminação da esperança.
Enquanto não conseguirmos diferenciar educação de mercadoria, a escola pública será sempre ruim. Afinal, esta é a maneira mais eficiente de tornar a educação uma mercadoria supervalorizada... Essa lógica perversa interessa à maioria dos políticos, que se perpetuam graças à ignorância da maioria.
Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse -- "ai meu Deus, que história mais engraçada!". E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria -- "mas essa história é mesmo muito engraçada!".
Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que ela , apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrassem do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.
Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas nas calçadas e lhes dissesse -- "por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!" . E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.
E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês, em Chicago -- mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que contou aos ouvidos de um santo que dormia, que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina".
E quando todos me perguntassem -- "mas de onde é que você tirou essa história?" -- eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, foi um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começou a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma história...".
E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.
(escrito por Rubem Braga - crônica extraída do livro "A traição das elegantes", Editora Sabiá - Rio de Janeiro, 1967)
(por Renata Leite)
Observar uma situação ruim e enxergar as lições contidas nela é um processo formidável, ainda que difícil. O que geralmente as pessoas fazem é reclamar do que não agrada, sem esforçar-se para entender e até transformar as circunstâncias. O esforço para enxergar além é grande; por isso, os problemas, as incapacidades e a falta de solução acabam consumindo, de modo que o ânimo fica cada vez mais escasso e, por vezes, impossível de ser renovado.
É nesse momento que, dentre outras coisas, o entusiasmo se manifesta. Porém, entusiasmo - ao contrário do que possa parecer - não é um pó mágico ou algo que surge do toque de uma varinha de condão. O entusiasmo precisa ser um dos alicerces do que você decide para sua vida. Entusiasmo é energia que vem de dentro, que não se afeta com o que vem de fora; ele desperta a necessidade de sofrer menos e aprender mais.
Se, no entanto, alguma coisa anda sufocando seu entusiasmo, é preciso parar e rever até onde vale a pena manter-se entre as pessoas e as situações que estão levando a isso, acessando, principalmente, o seu verdadeiro alicerce.
Mantenha-se íntegro, acima de tudo. Você tem o poder de escolher o ambiente onde quer estar e o papel que quer assumir em sua vida. E pode apostar: o seu entusiasmo pela vida, em primeiro lugar, será um dos requisitos básicos para discernir o que é principal em sua vida - onde quer que você vá.
O preconceito está em toda parte. Não existe uma forma de acabar com todos os preconceitos e evitar programação psicológica. (...) Mas algo em nós quer combater o preconceito, a programação, a lavagem cerebral. Detestamos os cordões umbilicais que nos amarram ao passado, destruindo nossa liberdade de escolha.
Dr. Martin Luther King Jr., o corajoso líder dos direitos civis da década de 1960, organizou marchas não violentas que abriram caminho para as manifestações em defesa da igualdade de direitos e da justiça. “Aprendemos a nadar no mar como os peixes e a voar nos céus como os pássaros”, escreveu ele certa ocasião, “mas não aprendemos, ainda, a arte de viver juntos como irmãos”.
(...) É possível que cada um de nós esteja apegado a um preconceito: pode ser de raça, cor, sexo, preferência sexual, nacionalidade... Pode envolver crianças, animais, advogados, bispos, colegas de trabalho... Pense bem no que poderia acontecer se examinássemos nossos preconceitos e mudássemos de mentalidade.
(...)
Você já notou, por exemplo, que quando alguém não muda de ideia, é teimoso. Mas, quando você não muda de ideia, é firme e decidido?
Quando seu vizinho não gosta de um amigo seu, ele é preconceituoso.
Mas, quando você não gosta do amigo dele, sabe julgar a natureza humana.
Quando ele tenta tratar alguém de um modo especial, está bajulando essa pessoa. Mas, quando você age do mesmo modo, está sendo atencioso.
Quando ele demora para fazer alguma coisa, é preguiçoso. Mas, quando você age do mesmo modo, é meticuloso.
Quando ele gasta muito dinheiro, é esbanjador. Mas, quando você exagera nos gastos, é generoso.
Quando ele encontra defeitos em alguma coisa, é crítico. Mas, quando você age do mesmo modo, é perspectivo.
Quando ele demonstra indulgência, você o chama de fraco. Mas, quando você age do mesmo modo, é gracioso.
Quando ele se veste bem, é extravagante. Mas, quando você usa boas roupas, tem bom gosto.
Quando ele diz o que pensa, é malvado. Mas, quando você age da mesma forma, está sendo honesto.
Quando ele assume grandes riscos, é imprudente. Mas, quando você age da mesma forma, é corajoso.
Não podemos deixar o preconceito tomar nossas decisões, influenciar nossos julgamentos e minar nossas amizades.
Pense nisso!