quinta-feira, 2 de abril de 2009

MEU DEUS, NÃO DESISTA

Na idade média, um rei resolveu fazer uma viagem a pé, pois seu cavalo estava adoentado. Ao retornar ao palácio, reclamou que seus pés estavam terrivelmente doloridos, pois haviam muitos pedregulhos pelo sinuoso caminho. Ele ordenou a seus servos que cobrissem todas as estradas do reino com couro. O sábio do reino, ao saber da ordem emanada, ousou falar ao monarca: "Vossa vontade custará a vida da maioria das vacas de nosso rebanho. Por que simplesmente não manda cortar um pequeno pedaço de couro para proteger seus pés?". O rei concordou com a sugestão e assim foi inventado o sapato. E o mestre concluiu: "Para fazer deste planeta um lugar feliz para se viver, é melhor a gente se adaptar ao mundo e não esperar que o mundo se adapte às nossas vontades".
O escritor Lynell Waterman conta a história do ferreiro que, depois de uma juventude cheia de excessos, decidiu entregar sua alma a Deus. Durante muitos anos trabalhou com afinco, praticou a caridade, mas, apesar de toda a dedicação, nada parecia dar certo em sua vida. Muito pelo contrário; seus problemas e dívidas se acumulavam cada vez mais. Certo dia, um amigo que o visitava comentou: "É realmente muito estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar um homem temente a Deus, sua vida começou a piorar. Eu não desejo enfraquecer sua fé, mas, apesar de toda sua crença no mundo espiritual, nada tem melhorado pra você".
O ferreiro explicou: "Eu recebo nesta oficina o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em espada. Primeiro eu o aqueço num calor infernal até que fique vermelho. Em seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico vários golpes, até que a peça adquira a forma desejada. Depois a mergulho num balde de água fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor, enquanto a peça estala e grita por causa da súbita mudança de temperatura. Tenho que repetir esse processo até conseguir a espada perfeita; uma vez apenas não é suficiente". O ferreiro deu uma longa pausa e continuou: "Às vezes, o aço chega até minhas mãos e não consegue agüentar esse tratamento. O calor, as marteladas e a água fria, provocam-lhe muitas rachaduras; e eu sei que jamais se transformará numa boa lâmina de espada. Então, eu simplesmente o coloco no monte de ferro velho que você viu na entrada de minha ferraria". O homem deu uma pausa e concluiu: "Sei que Deus está me colocando no fogo das aflições. Tenho aceito as marteladas que a vida me dá, e às vezes sinto-me tão frio e insensível como a água que faz sofrer o aço.
A única coisa que peço é: "Meu Deus, não desista até que eu consiga tomar a forma que o Senhor espera de mim. Tente da maneira que achar melhor, pelo tempo que quiser, mas jamais me coloque no monte de ferro velho das almas".

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