quarta-feira, 4 de março de 2009

Genghis Khan e o falcão


Uma manhã Genghis Khan, o grande guerreiro, foi para os bosques praticar o esporte que mais gostava. Muitos amigos foram com ele, levando seus arcos e flechas. Atrás deles iam os criados com os cães de caça. Era uma verdadeira festa. Pelos bosques ecoavam seus gritos e risadas. Tinham esperança de levar muita caça. No braço do rei seu falcão favorito. Naqueles dias os falcões eram treinados para caçar. A uma palavra de seus mestres voavam alto e procuravam pela presa. Se encontravam um cervo ou um coelho, eles os abatiam rápidos como flechas. O dia todo Genghis Khan e os seus caçadores cavalgaram pelos bosques. Mas não acharam tanta caça quanto esperavam. À noite retornaram para casa. O rei montava freqüentemente pelos bosques e conhecia todos os caminhos. Assim enquanto o resto da festa ia do modo mais rápido, ele passou por uma estrada mais longa por um vale entre duas montanhas. O dia estava quente, e o rei estava sedento. Acariciou o falcão e deixou que ele voasse livre. Estava certo de que o falcão acharia o rumo de casa. O rei continuou lentamente. Certa vez ele tinha visto uma fonte de água limpa ali por perto... se pudesse acha-la agora! Mas os dias quentes de verão tinham secado todos os riachos monteses. Afinal, para sua alegria, viu um pouco de água que gotejava do alto de uma pedra. Ele sabia que haveria uma fonte mais acima. O rei saltou do cavalo, pegou uma pequena xícara prateada na bolsa de caça, segurou-a para pegar as gotas que caiam lentamente. Levou muito tempo para encher a xícara; e estava tão sedento que mal podia esperar. Afinal estava quase cheia. Levou a xícara aos lábios e quando ia beber, um zumbido no ar e a xícara foi-se de suas mãos. A água estava toda derramada. O rei procurou o que tinha feito aquilo. Fora seu falcão. O falcão voou algumas vezes de um lado para outro, e então desceu entre as pedras. O rei apanhou a xícara e novamente segurou para pegar as gotas. Desta vez não esperou muito... Quando a xícara estava pela metade, ele levou-a a boca. Mas antes que tocasse os lábios, o falcão voou novamente e derrubou a xícara de suas mãos. E agora o rei começava a ficar irritado. Tentou novamente, e pela terceira vez o falcão o impediu de beber. O rei estava agora realmente muito irado. - "Como você ousa agir assim. Se eu o tivesse em minhas mãos, eu torceria seu pescoço"! Então ele encheu a xícara novamente. Mas antes de tentar beber, sacou sua espada. - "Agora, Senhor Falcão" - ele disse - "esta é a última vez". Ele não tinha acabado de falar e o falcão derrubou a xícara de sua mão. Mas o rei estava esperando por isto. Com um gesto rápido golpeou o pássaro. O falcão, sangrando, estava morrendo ao pés de seu mestre. - "Isso é o que você ganha por seus erros" - disse Genghis Khan. Mas quando procurou pela xícara, ela tinha caído entre duas pedras onde não podia alcançar. - "De qualquer modo, eu tomarei um pouco desta água" - disse a si próprio. Com isso ele começou a escalar o banco íngreme de onde a água gotejava. Era trabalho duro, e quanto mais alto ele escalava, mais sedento ficava. Por fim, ele chegou ao alto. Realmente havia uma piscina de água; mas o que era aquilo no meio da piscina? Era uma enorme cobra, morta, do tipo mais venenoso. O rei parou. Esqueceu da sede. Ele só pensava no pobre pássaro morto: - "O falcão salvou minha vida!" - pensou - "e como eu o recompensei?" Ele era meu melhor amigo e eu o matei". Genghis Khan desceu, pegou o pássaro suavemente e o colocou na bolsa de caça. Montou o cavalo e foi para casa rapidamente. Enquanto cavalgava, dizia a si mesmo: "Aprendi uma lição triste hoje: nunca tomar qualquer atitude quando se está com raiva". (recontado por James Baldwin em "The Book of Virtues")

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