quarta-feira, 18 de março de 2009

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO AGORA?

por Renata Leite)
Creio que uma grande porcentagem de pessoas que estão lendo (ou vão ler) este artigo conhece ou tem alguém de seu convívio que já escreveu ou está ensaiando escrever um livro. Ou, até mesmo você pode ser um desses milhares e milhares de autores prestes a ver o seu assunto em uma gôndola de livraria. Aliás, disso a gente não pode reclamar, pois pesquisa recente sobre o mercado editorial brasileiro mostra que o “setor cresceu 6,4% em 2007. Somos um dos oito maiores produtores de livros no mundo”*. O mercado dá espaço para temas, títulos e assuntos pra todo tipo de gosto (e desgosto): histórias (e estórias), romances, dramas, curiosidades, ciência, tecnologia... até bobagens e futilidades têm espaço pra se tornarem livros. Hoje, tudo está ao nosso alcance através deles. Quando se fala de internet, aí o negócio é ainda maior, mais abrangente, e eu diria mais “perigoso” também. Perigoso para nossa saúde intelectual. A Internet é um “livro aberto” para todo tipo de informação que você precisa. O cuidado que a gente deve ter é de distinguir o que é realidade ou fantasia, transparente ou “maquiado”, confiável ou dividoso, o que pretende induzir ou mostrar a realidade dos fatos. Mas essa discussão fica para um outro artigo – que, quem sabe, eu ou alguém por aí escreva um dia.

Escrever livro também virou “caminho fácil” para ficar famoso. Pra quem embarca nessa onda e vê isso como um negócio, pura e simplesmente, o assunto pode ser qualquer um, desde que preencha algumas dezenas de páginas, tenha uma capa que chame a atenção, uma dedicatória emocionada a alguém especial e - quem sabe, se der sorte - o prefácio de um “padrinho” (e muitas vezes vale mais a pena ler o conteúdo do prefácio do que o livro todo!).

Uns viram best-sellers, vão para a lista dos mais vendidos, são os primeiros que a gente vê nas gôndolas das melhores livrarias. Têm direito a coquetel de lançamento e tudo. Mas se a gente pudesse olhar o conteúdo antes, podia dizer que nem todos são dignos do glamour e do valor investido para sua divulgação – se é que livro bom precisa de tudo isso pra mostrar que é bom mesmo.

Mas leitor que é bom leitor não vai atrás só dos mais vendidos. Leitor de qualidade não fica só de olho no que a mídia diz que é bom. E também não lê só o livro que o primo da irmã da cunhada do seu chefe publicou, porque é importante para você manter o seu emprego. A referência externa ajuda, mas cuidado com quem tenta aproveitar-se da sua sede de conhecimento. Uma boa referência pode contar muito na hora de escolher um bom livro, pois as fontes consideradas confiáveis possuem parâmetros confiáveis de avaliação. No entanto, lembre-se sempre de uma coisa: existem livros para serem lidos e livros para serem vendidos. Para isso, você – sem dúvida, um bom leitor – que tem sede de conhecimento, deve ser também um eterno investigador, alguém que não se cansa de procurar o que melhor responda às suas dúvidas e ajude a desenvolver em você um conceito único e pessoal.

Ler é um caminho para compromisso que cada um pode assumir consigo mesmo de constante aprendizado e evolução pessoal. Ler ajuda a comparar idéias, entender pontos de vista, entrar em contato com o que o outro pensa. Ler incentiva a constante avaliação do que se quer, do que se sente, do que se gosta e do se busca na vida (ou, o contrário).

Não sei o que você anda lendo agora, não importa. Apenas avalie se este conteúdo está exercendo o verdadeiro papel que todo acesso ao conhecimento têm: o de evolução de nossas capacidades como um todo. E se você, neste momento, não está lendo nenhum livro, ainda está em tempo. O seu eu (e a evolução dele) agradecem.

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